quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Rótulos- Identidade e Diferença

Olá!
Essa semana tivemos uma atividade diferente em sala de aula... Uma brincadeira sobre RÓTULOS. Ela iniciava com cada aluno (no caso, eu e meus colegas da cadeira de Ensino e Id. Docente) ganhando uma etiqueta com um rótulo (como sensível, confiável, agressivo...) colada em sua testa e, ao fazer os alunos dividirem-se em grupos, eles interagissem uns com os outros a partir do rótulo que estava destinado a ele. O objetivo da brincadeira era o aluno ser tratado de acordo com seu rótulo para compreender como uma pessoa que o possui sente, para espelhar-se nos alunos em sala de aulas que iremos "enfrentar" um dia.
Em meu grupo, tivemos os rótulos "sensível" e "confiável" e etiquetas escritas "ignore-me" (que era a minha) e "concorde comigo". A minha amiga rotulada como sensível (Natália Rosa) ao ser tradada como coitadinha, frágil e sendo poupada pelas outras integrantes do nosso grupo, sentiu-se impotente e incapaz, que a tornaria uma adulta frustrada. A confiável (Bruna Passos) sentiu-se um pouco sobrecarregada por todos acreditarem nela, "apostarem suas fichas", mas ao mesmo tempo sentiu-se bem por darmos a ela um voto de confiança. O confiável possivelmente será sempre a primeira opção na hora em que precisarem de alguém para assumir uma responsabilidade, mas que deve prevenir-se para não se aproveitarem de toda credibilidade que a pessoa confiável causa nas pessoas. Elisângela Pretto (a "concorde comigo") não gostou de sua etiqueta, pois tudo o que falava nós respondíamos: "É claro! Tens razão!", sem hesitação. Ela sentiu-se mal, pois todos concordavam com ela, sem dar dicas, sem interrogá-la... Como se tivessem concordando somente para satisfazê-la. Um adulto que se sentirá sempre com a razão, certamente! Por fim, meu rótulo "ignore-me", ao não conversarem comigo e sem escutarem o que eu falava, me senti excluída, menosprezada, esquecida... Imagina para um aluno que é ignorado pelos seus colegas em sala de aula, como ele deve se sentir!! Todo ser humano necessita de um pouco de atenção, de carinho...
Todo ser humano possui sua identidade (o que eu sou) e sua diferença (aquilo que a outra pessoa é), que geram uma relação de rotulação do ser humano, "o que eu sou é diferente do que você é". A identidade e a diferença não são fixas, são feitas a partir de um processo de construção e de aceitação do ser humano a si próprio. A partir das relações sociais  que são determinados nos seres humanos, com esses critérios de igualdade e desigualdade, são o que fazem as pessoas que se identificam juntarem-se numa relação de semelhança e às vezes unirem-se por uma relação de poder. As pessoas precisam inserirem-se em grupos sociais, demarcando fronteiras de quem participa desses grupos e de quem fica fora deles. De acordo com Benedith Anderson, as pessoas criam comunidades imaginárias para ligarem-se uns aos outros, por exemplo,  pessoas com os mesmos interesses, mesma etnia, mesmo poder financeiro, entre outros. Há também pessoas que transitam pelas comunidades, para contraporem-se à elas. Essas pessoas não se fixam a nenhuma comunidade, fazendo um movimento contrário à realidade de nossa sociedade.
Na sociedade esses rótulos vem com o senso comum das pessoas, que decidem quem eles incluem e quem excluem da sociedade, a partir de esteriótipo de um ser humano "normal". Os rótulos que são dados as pessoas, quando são falsos, o rotulado pode começar a acreditar que realmente o possui, e acaba excluindo-se da sociedade. E o que nos influencia para escolher o que é "bom, bonito, correto" é a mídia, é como as pessoas agem na TV, como se vestem, como falam, o que falam... Que acaba concretizando-se como nossa cultura verdadeira! E tornando-se nossos "modelos" de ser humano. A criança precisa de uma identificação, um rótulo, uma qualidade ressaltada e reconhecida que é desenvolvida, de acordo com Freud, na época do Complexo de Édipo... Ele precisa reconhecer-se e ser reconhecido (e aceitar-se e ser aceitado!), e nessa fase, caso não goste de seu rótulo, pode tornar-se um ser humano bloqueado em alguns aspectos durante a vida! Infelizmente é uma necessidade da sociedade rotular as pessoas para selecionar as que serão prestigiadas e as que serão desprestigiadas. É fundamental quebrar esses rótulos no cerne de seu aparecimento, para não causar uma falsa identidade... A ajuda do professor é fundamental para não deixar concretizá-los nos alunos! Como disse antes, a identidade não é concreta, todos têm direito de mudar de acordo com seus sentimentos!
Até mais,
beijinhos.
Ah... uma foto minha da nossa brincadeira (dá pra ver que eu não tava muito contente.)

Um comentário:

  1. Oi Marina,

    de fato não estavas feliz, mas pelo relato parece que a "experiência visceral" contribuiu para uma reflexão densa sobre a temática.
    Um carinhoso abraço,
    Profa. Nádie

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